quinta-feira, 17 de junho de 2010

Papéis Manuscritos de Nhô Chico

O Museu H.P. Conselheiro Rodrigues Alves, em Guaratinguetá-SP, guarda e conserva parte dos documentos que foram da lavra de Rodrigues Alves, da época em que as missivas possuíam importância e dinâmica, funcionando para comunicar decisões importantes de governo, relatórios, telegramas de Arcebispo, escrituras de venda de escravos e fascinantemente notícias de famílias, recomendações para uma filha que morava em outra cidade, contas a pagar nas antigas e sofisticadas lojas de roupas e acessórios masculinos, recibos de pagamento e, muitas vezes, pedidos de votos e de empregos, de pessoas, em todo o Vale do Paraíba. Era a vida doméstica mesclada com a vida pública, desde tratamentos como Nhô Chico (Rodrigues Alves) por parte de um irmão ou Nhá Mina (sogra) até Excelentíssimo Senhor Doutor Francisco de Paula Rodrigues Alves, Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Um rico acervo do cotidiano de pessoas que , infelizmente, no mundo globalizado atual, não faz mais sentido, mas que sem dúvida era fascinante pela espera de uma resposta e por mostrar intimamente o pensamento de um homem público e, ao mesmo tempo, comum. O raciocínio de muitos e o respeito através das tratativas de “companheiro e amigo”, “seu muito honrado amigo”, e tantas outras formas que caíram no desuso e, portanto, foram esquecidas e vulgarizadas. Hoje, apenas são importantes para os historiadores que delas se utilizam para formar biografias ou para escrever sobre um determinado tema de época e mesmo, assim, somente aquelas que sobreviveram ao tempo, na maioria, acervo de pessoas importantes. Porém, é um patrimônio público para servir de aprendizado e para indicar o quanto de usos e costumes importantes perdeu-se no tempo e na memória. Um modelo para conhecer e pensar sobre a humanidade que perdemos com a tecnologia e com o capitalismo selvagem. Uma chance de conhecer a nossa história.
Por tudo isto e pela história do Brasil é que iremos resgatar um pouco de “Rodrigues Alves em Velhos Papéis”.
Joaquim Roberto Fagundes
Imagem: Carta do Padre Miguel Martins, vigário de Guaratinguetá, para o Conselheiro Rodrigues Alves, 12 de maio de 1888. Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Conselheiro Rodrigues Alves, Guaratinguetá-SP.

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