domingo, 11 de novembro de 2018

A Presidência que Não Foi

Imagem: Revista "O Malho" - 1918


Em 15 de novembro de 1918 um novo governo deveria tomar posse na República do Catete. Assim procedeu sem o principal titular eleito pelo "voto popular". Deveria assumir, pela segunda vez, o Conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves. Considerado na época um estadista e um excelente administrador. O único nome conciliar num período político conturbado e de grandes transformações no mundo e no país. Um Brasil sem líderes com visão renovada, ainda impregnado pelo modelo político instaurado em 1889 e que agonizava. Era o principio do fim da chamada "República Velha", com a morte do septuagenário homem dos dois regimes políticos, segundo a visão do seu biógrafo Afonso Arinos de Mello Franco. 
Naquele momento, como acontecera em 1985 com Tancredo Neves, assumiu o vice-presidente Delfim Moreira, mineiro das velhas lides oligárquicas, juntamente com os ministros escolhidos por Rodrigues Alves, cujas compatibilidades, para alguns, não eram das melhores. E, deste modo, permanceu até a morte do titular, instalando-se, durante algum tempo, a discussão constitucional sobre a realização de novas eleições. Apresentada, grosso modo, ainda na velha fórmula política do PRP (Partido Republicano Paulista) e PRC (Partido Republicano Conservador) fundeada na hegemonia dos dois grandes estados geradores de candidatos: São Paulo (governador Altino Arantes) e Minas (Arthur Bernades). E com o Rio de Janeiro disputando um lugar ao sol com a possível chapa Rui Barbosa-Borges de Medeiros. 
Delfim Moreira permanceu até junho de 1919, assumindo por fim Epitácio Pessoa, paraibano eleito em novo pleito, conforme rezava a Constituição, cujo o vice somente seria consolidado presidente se a morte do titular ocorresse após dois anos da posse. 
Começava a partir desse período, depois de momentos de Estado de Sítio, novos contornos políticos cujo resultado seria a mudança de rumos e ideias políticas na década de 1930. Apagando do cenário brasileiro velhos costumes imperiais e republicanos de primeira hora.  

2 comentários:

  1. Parabéns Mestre pelo texto.Sempre muito coerente, atual e propício a reflexões. Sua escrita resgata a memória de um País onde seus governantes perderam se no tempo.Que venha mais textos, mas histórias...Ana Cláudia

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  2. Obrigado, querida professora pupila. Sempre entendendo o que procuro passar sobre a nossa história.

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